quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Indy pode correr no Brasil em 2010



O Brasil pode receber uma etapa da F-Indy já no ano que vem. Três cidades brasileiras disputam a possibilidade de hospedar uma prova da principal categoria de monopostos dos EUA: São Paulo, Ribeirão Preto e Brasília. Ao contrário do que o senso comum diria, a menor delas é a mais forte candidata.

No último dia 8, Carlo Gancia, representante da F-Indy no Brasil, visitou a prefeita da cidade do interior de São Paulo para convidá-la para ir aos Estados Unidos acompanhar a próxima etapa da categoria, em Long Beach. No fim de semana da corrida, que será realizada no dia 19, Dárcy Vera vai assinar um protocolo de intenção que vai oficializar a candidatura de Ribeirão Preto para sediar a etapa brasileira.

O convite veio em nome de Terry Angstadt, presidente da divisão comercial da Indy Racing League, e os representantes da modalidade já visitaram a cidade três vezes. Na última visita, na semana passada, Gancia até inspecionou as ruas do município para avaliar os possíveis locais em que os carros da Indy poderiam correr.

O objetivo é fazer um circuito de rua utilizando as vias que a cidade já tem, e vários locais agradaram Gancia, como o entorno das avenidas Maurílio Biagi e Presidente Kennedy, e também da rodovia Alexandre Balbo. O acordo seria assinado para que Ribeirão receba a prova por três anos, entre 2010 e 2012.

Em entrevista exclusiva ao Grande Prêmio, a prefeita de Ribeirão garantiu que a possibilidade existe e, além disso, disse que é muito grande. O maior argumento de Dárcy se refere ao fato de que a cidade é um dos maiores pólos mundiais de produção de etanol, e o combustível utilizado na Indy nada mais é do que o álcool produzido na região ribeirão-pretana.

No fim de 2008, a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) firmou um acordo com Angstadt para que o país forneça todo o etanol utilizado na categoria na temporada 2009, estimado em 454 mil litros. E segundo a prefeita, os produtores de cana-de-açúcar da região são os fornecedores do combustível da Indy em função de um acordo que fizeram com a União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica).

“Concorremos com duas cidades grandes, mas por já termos sido convidados para assinar o protocolo de intenções, e por termos uma região muito rica, ligada à produção de álcool, temos todas as condições de receber a prova. Isso daria muita visibilidade ao fato de a Indy utilizar bioenergia, e isso é um grande motivo para escolherem Ribeirão Preto”, comentou Dárcy.



O investimento para que o projeto saia do papel é de U$ 20 milhões (cerca de R$ 43,440 milhões), e a  política afirmou que já existem patrocinadores dispostos a bancar a realização da prova. “Já encontramos dois anunciantes interessados em investir no evento se a corrida vier para a cidade.” Perguntada pelo GP quais seriam estas empresas, Vera respondeu que ainda não pode revelar.

E a expectativa de retorno financeiro é bem encorajadora para quem quiser investir em na etapa ribeirão-pretana. “Os números ainda não são exatos, mas após analisar o material que os representantes trouxeram para mim, vimos que movimentação de pessoas é muito grande. Um evento como este traria milhares de espectadores à cidade. O faturamento seria de aproximadamente R$ 70 milhões por ano”, disse.

A emissora de televisão que transmite a categoria no Brasil poderia, segundo a prefeita, ajudar na escolha da cidade como sede da etapa nacional da F-Indy. “A Rede Bandeirantes acompanhou os representantes da modalidade nas visitas aos locais em que a prova pode ser realizada. A Band é muito forte em Ribeirão, e o responsável pela emissora na região, José Inácio Pizani, tem muito interesse que a etapa venha para Ribeirão”, declarou. Vale dizer que Pizani é o ex-presidente da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão.

E não só a Bandeirantes quer ver a etapa no interior paulista. Segundo a política, é interesse também do governo federal que a região hospede a prova brasileira da Indy. “Nosso objetivo é divulgar que a cidade é a capital do etanol. Para o nosso governo, isso também é benéfico. O presidente do país [Luiz Inácio Lula da Silva] já mostrou  interesse em divulgar o nosso combustível para o mundo todo. E Ribeirão é o local ideal para se fazer essa divulgação."

“Além disso, nas conversas que tive com os representantes da Indy, vi que eles têm a intenção de relacionar o evento ao fato de usarem combustíveis renováveis. Quando eu recebi a ligação do Gancia dizendo que gostaria de conhecer a estrutura da cidade e a nossa malha viária, achei que fosse uma brincadeira. Mas eles vieram e agora a possibilidade é real”, acrescentou Vera.

Depois de Dárcy ir a Long Beach para assinar o protocolo de intenção, uma equipe da prefeitura de Ribeirão voltará aos EUA para continuar as negociações e para conseguir mais patrocinadores para a eventual etapa. “Voltaremos aos EUA para acompanhar todos os eventos a partir da prova de Indianápolis, para captar mais investidores.”

E para finalizar, mostrando o otimismo de um político que chegou ao comando da cidade há poucos meses, Dárcy fez até um trocadilho. “Como seremos a primeira cidade a assinar o termo de compromisso, e em função de sermos fortes na produção de etanol, sairemos na pole-position nessa disputa.”






Fonte: MARCELO FERRONATO
Site: esporte.ig.com.br